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Estrangeiros em Vilhena: desafios de viver uma nova cultura

por Adson Dutra

Emigrar do seu país de origem é um desafio para quem precisa ou resolve mudar de vida. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Vilhena possui cerca de 140 estrangeiros de diferentes países. Laura, Louis e Ahmed são alguns desses estrangeiros que vivem no município rondoniense. Eles são desafiados diariamente a viver essa nova cultura, longe de casa. A saudade da terra natal e dos familiares e as diferenças na culinária, no clima e na língua são apontadas entre as principais dificuldades.

Número de estrangeiros no estado de Rondônia aumentou em 10 anos, de acordo com IBGE de 2010. Infográfico: Mileide Queiroz
Número de estrangeiros no estado de Rondônia aumentou em 10 anos, de acordo com IBGE de 2010. Infográfico: Mileide Queiroz

Laura Piscitelli, de 38 anos, nasceu em Roma, casou com um brasileiro e mora no Brasil desde 2011. As principais diferenças para ela são o clima e a culinária, mas a hospitalidade brasileira contribuiu para sua adaptação. “Venho de um lugar onde as quatros estações são bem definidas, e o Brasil é mais tropical. Além disso, os horários são diferentes, os comércios e a arquitetura. Mas o brasileiro é muito receptivo e isso ajudou na adaptação”, contou.

Laura Piscitelli nasceu na Itália e é casada com o brasileiro Renato. Foto: Adson Dutra
Laura Piscitelli nasceu na Itália e é casada com o brasileiro Renato. Foto: Adson Dutra

Louis Paslyn, de 34 anos, encontrou no Brasil oportunidade de trabalho, algo que faltava no Haiti, seu país de origem. Em Vilhena desde de 2015, Louis mora sozinho e trabalha como mecânico para sustentar a família que permanece no Haiti. Para ele, o modo de vida em Vilhena é bem parecido com de sua terra natal. “A culinária, o clima e até a língua são similares. O carnaval eu achei um pouco diferente, lá no Haiti tem muito mais fantasias, a música é mais quente”, explicou. Por não possuir parentes em Vilhena, a saudade da família é o que mais torna difícil o dia a dia de Louis no Brasil.

Louis se comunica com a família por mensagens e ligações telefônicas. Foto: Adson Dutra
Louis se comunica com a família por mensagens e ligações telefônicas. Foto: Adson Dutra

Entre os estrangeiros que moram em Vilhena também está o Ahmed Agan, de 60 anos. Ele saiu do Egito em 2002 para um passeio em São Paulo, a pedido de amigos ficou e escolheu o Brasil como sua nova casa. Depois, veio morar em Vilhena. Uma das maiores dificuldades durante o período de adaptação foi a comunicação. “A língua árabe é totalmente distinta da língua portuguesa e eu falo com árabes o dia inteiro no trabalho. Quase não me comunico com os brasileiros e isso acaba dificultando no aprendizado da nova língua”, disse. Ahmed é contratado por uma empresa paulista para fazer o abate de animais em frigoríficos de acordo com a cultura árabe.

Ahmed faz leitura diária do Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos. Foto: Adson Dutra
Ahmed faz leitura diária do Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos. Foto: Adson Dutra

Mesmo buscando se inserirem nos costumes brasileiros, Laura, Louis e Ahmed preservam tradições dos países de origem. Esta é uma ligação que eles acreditam que deve ser mantida. Laura ainda sente muita falta da culinária de Roma e, para diminuir a saudade, o café feito em casa é tipicamente italiano. “O pó é próprio da Itália, os utensílios que usamos para fazer e tomar o café também são bastante comuns por lá”, revelou.

A italiana Laura Piscitelli prepara todo dia um café tradicional de seu país. Vídeo: Adson Dutra

Para Ahmed, a religião é sua ligação mais forte com o Egito. Seguidor do islamismo, todas as sextas-feiras se reúne em oração com outros seguidores em uma mesquita construída pelos muçulmanos que moram em Vilhena. “É um dia sagrado para nós muçulmanos, não importa se é feriado, se surgem outros compromissos, estaremos sempre lá em oração”, afirmou.

É mantendo as tradições de seus países e vivendo os costumes brasileiros que esses estrangeiros tentam superar as dificuldades na adaptação. Mesmo assim, nada faz com que não gostem de estar aqui e vivenciar essa nova cultura.

Morcegada

Site jornalístico supervisionado pelo professor e jornalista Allysson Viana Martins, vinculado ao Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

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