Início do Verão Amazônico potencializa nova onda de queimadas
Período é caracterizado pelo calor extremo e falta de chuvas, fatores favoráveis à proliferação de incêndios florestais
Por Carl Gustavo e Juan Felix

Em 2024, Rondônia registrou 10.692 focos de incêndio. Em 2025, já são 172, de acordo com dados do “Programa Queimadas”, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esses números alertam para um potencial perigo que pode se repetir este ano.
Ao comparar o ano de 2024 com o anterior, 2023, houve um aumento de 169%. A capital Porto Velho foi o município com o maior número de focos de incêndios, correspondente a 32% do total do estado, com cerca de 2.337 pontos. O estado de Rondônia teve um total de 1,4 milhões de hectares queimados em 2024, o que representa um crescimento de 72% em relação a 2023, de acordo com dados do Monitor do Fogo.
Os extremos climáticos têm se tornado cada vez mais recorrentes e intensos, comprometendo profundamente a rotina e a saúde da população. No ano passado, durante a temporada das queimadas, Porto Velho foi classificada com a pior qualidade do ar do país em 2024, segundo os medidores da IQAir, empresa suíça que mede a qualidade do ar no mundo.
“É bastante complicado durante o período de queimada, a gente fica com a garganta seca. Para fazer exercícios físicos fica bastante complicado também, porque o ar fica mais seco. Acaba sendo bastante complicado quando você vai fazer uma corrida também, é muito complicado”, comenta Júnior Parraga, morador de Porto Velho que ano passado sofreu complicações de saúde com as fumaças.
Devido às condições severas da seca no ano passado e às altas temperaturas, profissionais da saúde orientam a população sobre medidas de prevenção: aumentar a ingestão de água e procurar locais frescos; evitar atividades físicas em áreas abertas; não ficar próximo dos focos de queimadas e procurar atendimento médico em caso de náuseas, vômitos, febres, falta de ar, tontura, confusão mental ou dores intensas de cabeça, no peito ou abdômen.
A pneumologista Ana Carolina Terra reforça as recomendações. “Também pode haver, por estresse relacionado à exposição e por toxicidade a essas substâncias, aumento também de doenças cardiovasculares. Quem tem doenças respiratórias crônicas deve fazer uso da sua medicação de forma contínua. Não se expor a essa fumaça, tentar ambientes mais fechados, não realizar atividade ao ar livre, beber bastante líquido. Isso pode corroborar com a melhor qualidade do ar e a melhor saúde respiratória”, afirma.
Em decorrência desse cenário, em outubro de 2024 foi criado o Comitê Permanente de Gestão para Adaptação e Enfrentamento às Mudanças Climáticas, que visa o aperfeiçoamento de técnicas de combate a incêndios e reforça estratégias de prevenção e sustentabilidade. Para fazer o enfrentamento em 2025, o governo de Rondônia realiza ações preventivas e se prepara para um combate mais robusto e efetivo às adversidades climáticas.
Iniciada em 2 de junho, o governo do estado realiza até novembro a fase combativa da Operação Verde Rondônia (OVR), coordenada pelo Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia (CBMRO). A operação conta com a atuação de 259 militares em campo, monitoramento aéreo e terrestre, uso de tecnologia de ponta, 15 bases descentralizadas e 17 integradas. Nesta fase, já foram combatidos 189 focos.
O Brasil registrou queda de 65,8% nas áreas queimadas de janeiro a junho de 2025 em relação ao primeiro semestre de 2024. O levantamento identificou que a redução nas áreas queimadas e nos focos de calor ocorreu em quatro dos seis biomas brasileiros (Pantanal, Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado). Na Amazônia, foi identificada redução de 75,4% nas áreas queimadas, com o registro de 247,9 mil hectares comprometidos no primeiro semestre de 2025 frente a mais de 1 milhão de hectares queimados em 2024.
A conscientização sobre os impactos das queimadas é essencial para a preservação do meio ambiente, da saúde pública e da segurança das comunidades. Além de causar danos irreversíveis à fauna, flora e à qualidade do ar, o fogo descontrolado pode colocar vidas em risco. Por isso, é fundamental que a população compreenda seu papel na prevenção e saiba que pode contribuir ativamente, denunciando práticas ilegais.
O monitoramento de fiscalização contra as queimadas é feito através de denúncias pelo WhtasApp no número (69) 98423-4092. Os cidadãos podem enviar imagens, fotos e vídeos relatando onde estão ocorrendo as queimadas.
As denúncias também podem ser feitas através do 190 (PM), 193 (Corpo de Bombeiros), ou por meio do aplicativo Guardiões do Clima, baixado diretamente no celular. Neles, os cidadãos podem denunciar qualquer situação que envolva risco ambiental, como queimadas, desmatamento e invasões de terras.