História
Os primeiros migrantes aportaram em Vilhena no início da década de 1970, oriundos, especialmente, da região Sul do Brasil. Essas famílias dividiam não apenas o local de origem, mas ainda as dificuldades do dia a dia. Muitos se juntaram para preservar e rememorar as suas práticas culturais, além de se apoiarem mutuamente.
Um dos lugares de encontro era o Recanto dos Tangarás. Nele, Terezinha Wobeto se reunia com seus conterrâneos sulistas todo final de semana. Um ano após chegar em Vilhena, nesse espaço de confraternização, lançou O Jornal da Morcegada, em 1975.
“O principal objetivo do jornal era a união dos amigos, o entretenimento. Uma maneira de espantar a saudade e as enormes dificuldades que se apresentavam numa região nova, sem água encanada, sem luz e com muita poeira”, Terezinha Wobeto em entrevista a Nicola Nicolielo.
O veículo começou a ser publicado dois anos antes da emancipação de Vilhena, que só ocorreria em 1977. O Jornal da Morcegada era constituído por folhas mimeografadas e distribuído inicialmente apenas entre os frequentadores do Recanto dos Tangarás, embora alcançasse outros habitantes de Vilhena, devido à circulação entre os moradores.
“O jornal não era propriamente para a cidade. Era distribuído aos amigos que se reuniam no Recanto dos Tangarás, mas a cidade era tão pequena que o jornal acabava chegando às mãos de quase todo mundo”, Terezinha Wobeto em entrevista a Nicola Nicolielo.
O Jornal da Morcegada durou cinco anos, até 1980. Porém, o que começou com informações sobre os encontros semanais passou para publicações de assuntos relevantes para toda a cidade. Mesmo com o intuito de divulgar acontecimentos semanais, o veículo não adotou exatamente essa periodicidade.
“O jornal durou até 1980 e seu propósito era informar as pessoas. Não tinha uma editoria específica. Era apenas uma forma de diversão. Eu escrevia o que os frequentadores do recanto queriam ler. Fofocas, histórias engraçadas. O jornal também noticiava assuntos de interesse da coletividade. Esses assuntos se restringiam ao bem estar da coletividade, como, por exemplo, a situação da BR-364, sobre as dificuldades de comunicação com o resto do país. Por essa época [1975] acho que a cidade não tinha mais que mil habitantes”, Terezinha Wobeto em entrevista a Nicola Nicolielo.
Como foi o primeiro veículo jornalístico da cidade, recebeu atenção e preocupação das autoridades locais, sobretudo quando um texto sobre como a grande quantidade de poeira durante a pavimentação da BR-364 causava transtornos para a população foi repercutido pelo Tribuna de Porto Velho. Na ocasião, autoridades estaduais e técnicos responsáveis pela obra se envolveram no caso.
* Esta seção tem como base o artigo “Políticos e imigrantes: os primeiros anos da imprensa em Vilhena-Rondônia (1975-1950)“