Homicídios e assaltos geram insegurança nos vilhenenses
por Gleice Weiber e Petter Rojas
Os assassinatos e os roubos são uma preocupação para os vilhenenses nos últimos anos. Os números aumentaram progressivamente, de acordo com a Delegacia de Repressão Especializada e Crime Contra Vida (DRECCV). No período de 2014 a 2016, 131 jovens foram assassinados em Vilhena. De 38 homicídios em 2014, em 2016 foram registrados 63. Em relação aos assaltos, de 130, em 2011, e 204, em 2012, passou-se para 540, em 2016.
HOMICÍDIOS
Um problema para o crescimento nos homicídios é que muitos não são solucionados. Segundo o Delegado de Homicídios, Núbio Lopes, das 63 mortes em 2016, somente 25 foram solucionados, cerca de 41,66%. Em 2017, das 31 mortes registradas até setembro, apenas 14 foram solucionadas, cerca de 51,85%. A maioria desses homicídios ocorre em bairros mais carentes e esses crimes são gerados normalmente por brigas entre facções criminosas.
“As facções criminosas disputam a dominância da criminalidade e ficam tentando eliminar o outro grupo. Eles têm uma rivalidade sangrenta. São duas principais facções que existem aqui. O tráfico é uma das vertentes para o domínio”, explicou o delegado.
O auxiliar de serviços gerais, Thiago Pereira, de 24 anos, perdeu o irmão e o primo assassinados na casa da sua mãe, no Bairro Cristo Rei, em março de 2017. Para o jovem, o irmão morreu sem motivo, pois estava no local e na hora errada. “O alvo do assassino era meu primo, mas mataram meu irmão para queima de arquivo”, afirmou.
De acordo com agentes de investigação da DRECCV, a maioria das vítimas é composta por jovens com faixa etária de 17 a 26 anos. De 2014 a 2016, dos 159 homicídios registrados, 131 foram de jovens. A aposentada C. D. S. perdeu o neto de 16 anos ao ser assassinado no Bairro Setor 19, em outubro de 2016. Segundo ela, o parente era inocente, mas foi confundido com um rapaz envolvido no crime
“Meu neto morava em Chupinguaia e veio me visitar naquele dia, saiu de bicicleta para comprar sorvete e foi abordado por dois rapazes de motocicleta que atiraram nele. Peri meu neto naquele dia”, relatou a idosa.
ASSALTOS
De acordo com Delegado Regional da Polícia Civil, Fabio Campos, as ocorrências aumentaram porque a cidade cresceu nos últimos quatro anos, com Vilhena se tornando um polo comercial. O que mais teve aumento foram os roubos por usuário de drogas, com as mulheres aparecendo como principais alvos.
“O aumento da criminalidade tem ocorrido por jovens infratores. Muitos deles são menores de 18 anos, o que facilita o envolvimento na criminalidade por não ficaram apreendidos na casa de menores”, ressaltou Campos.
Quem já foi vítima de assalto, faz atenção redobrada. Marie Rojas, de 27, foi assaltada próximo à sua residência, no bairro Jardim América. Por volta das 18h, um rapaz com uma faca se aproximou e puxou sua carteira. Mesmo sem reagir, Marie achou que seria esfaqueada. “Achei que ia morrer naquele momento. O assaltante mandou ficar quieta e depois foi embora, eu fiquei sem saber o que fazer de tanto medo”, contou.
O agente investigativo da Polícia Civil, Wagner Maranho, explica que Vilhena tem um índice estadual com maiores casos de roubo. Esse aumento é consequência, especialmente, da criminalidade de facções criminosas. Empresas, comércio, postos de combustíveis e condôminos também são alvos de assaltos.

Os números de assaltos por dia apontam o que Vilhena tem vivido. A balconista e caixa de farmácia, Bruna Rayana, foi umas das vítimas de assalto com arma, no estabelecimento em que trabalha. Com medo de ser assaltada outra vez no trabalho, Bruna cogita até se demitir, caso isso ocorra novamente.
“Me lembro certinho como foi o assalto. Antes dele entrar no vidro da farmácia, eu vi que ia ser um assalto, vi uma pistola grande e já avisei que ia ser um assalto. Ele chegou no caixa, esperou a anunciar o assalto, colocou a pistola no meu rosto e eu entreguei tudo que tinha no caixa, nem olhei no rosto dele. Ele estava assustado e acabou atirando”, contou a jovem.