Primeira edição do Conexidade promove semana de empregabilidade à população LGBTI+ na Região Norte
As ações acontecem nos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Pará e Amapá
Por Guilherme Belém
Dos dias 23 a 27 de junho, ocorre uma série de programas voltados à população LGBTI+ em vulnerabilidade social com foco no mercado de trabalho, organizada pelo Conexidade – Conexão pela Diversidade, com mutirão de serviços, feiras de empregabilidade, oficinas de capacitação e mais. A abertura nacional ocorreu nesta segunda, 23, no auditório da Procuradoria Regional do Trabalho da 14ª Região em Porto Velho, com participação de entidades e lideranças parceiras.
O projeto é uma realização das Coordenadorias Regionais de Promoção da Igualdade de Oportunidades (COORDIGUALDADE) das Procuradorias Regionais do Trabalho do Norte do Brasil, com suporte de agentes locais e nacionais. A iniciativa surge em meio a dados recentes que apontam que seis das sete capitais da Região Norte não possuem nenhum dos três pilares básicos de políticas voltadas para a população LGBTI+, que são a “existência de um órgão gestor, um conselho, planos e programas municipais”.
O Procurador do Trabalho Igor Gonçalves, que idealizou a semana, ressalta que o objetivo é garantir cidadania para as pessoas LGBTI+, com ênfase no público trans. “Nessa semana teremos atendimento jurídico no Instituto Federal de Rondônia (IFRO), atendimento da Defensoria Pública, retificação de documentos variados, como a da carteira de trabalho e de gênero. Na sexta teremos um mutirão de empregabilidade, buscando justamente conectar essas pessoas com postos de trabalho decentes”, explica Gonçalves. A lista completa de serviços se encontra no perfil do instagram do Ministério Público do Trabalho em Rondônia e Acre (MPT-RO/AC).

Presente na abertura, a Dra. Amanda Anderson, Chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério da Previdência Social, evidencia que a exclusão afeta todos na cadeia produtiva e de arrecadação. “Quando a pessoa trans não está no mercado de trabalho formal ou quando ela não contribui para previdência pública, automaticamente, nos seus 65 ou 62 anos, vai entrar no Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS) pelo fator idade. Quem paga essa conta somos nós, que trabalhamos todos os dias. Então quanto vale o preconceito?”, questiona Anderson.
Combinado a este cenário, um levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) revela que 90% dessa população recorre à prostituição como fonte de renda. Deste modo, a iniciativa é uma ponte entre essas trabalhadoras e cargos seguros e estáveis.
Uma das beneficiadas por um programa de capacitação LGBTI+ é Atena Mendonça, que representou a Comunidade Cidadã Livre (Comcil) em fala na abertura do Conexidade. Para ela, o mercado de trabalho para as pessoas trans é difícil, mas não é concorrido devido à falta de qualificação. Ela aconselha a busca pelo aprimoramento. “Se qualifique, não se estagne na situação que você está. Faça cursos técnicos, faça pós, nunca fique na monotonia”, complementa Mendonça.