Produção de mel em Vilhena diminui mais de 90%, ritmo é inverso ao da nacional
por Elilson Pereira e Quennia Mendes
O mel produzido em Vilhena teve a maior baixa que se tem registro dos últimos três anos. A diminuição em 2016 foi de 91%, se compararmos à produção de 2014, segundo os dados do Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE). Até agora, produtores e especialistas não conseguem explicar o que causa a redução, que não acompanha o ritmo de produção estadual. Em Rondônia, diminuição foi de praticamente 50%, enquanto nacionalmente houve um pequeno aumento.
+ Produtores e especialistas tentam descobrir causa da baixa produção de mel em Vilhena
+ Especialista propõe alternativas para aumento da produção de mel em Vilhena
RENDA COMPROMETIDA
A Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater-RO) é responsável pelo cadastramento e auxílio aos produtores de mel de Vilhena. Segundo o órgão, existem cerca de 78 apiários no município, com cada um, em média, de 25 colmeias. No total, são produzidos cerca de 40 quilos de mel por ano em cada colmeia.
Aldir Lauri é apicultor e está na profissão desde 1988. Segundo ele, a quantidade de mel colhida em seus 14 apiários também diminuiu nesses últimos anos. “Em 2014, por exemplo, eu colhi 5.300 quilos, em 2015, 4.600, aí foi caindo em 2016 chegou ais caos. Eu colhi só 1.500 quilos. Se eu fosse viver só da apicultura, eu não teria condições de sustentar minha família”, contou.
Esse impacto na renda da família também foi sentido por Valdir Joabe de Moura, que entrou para apicultura em 2005. “Na época que eu comecei, a gente conseguia tirar uma renda muito boa, mas com o passar dos anos foi diminuindo a produção de mel”, revelou. O apicultor antes obtinha um lucro de R$ 5 mil reais ao mês com a venda do mel, hoje, não passa de R$ 2 mil. “Eu tive até que ir trabalhar numa oficina para completar a renda”, completou.
O número de apiários e de colmeias não diminuiu ao longo dos últimos cinco anos, segundo o técnico da Emater, Miravaldo Cavalcante. O mel produzido na cidade, portanto, não deveria ter apresentado uma queda tão brusca. “É um mistério essa diminuição, há anos nos acompanhamos a produção de mel e não conseguimos identificar nada que seja possível afirmar com precisão como sendo a causa dessa baixa”, disse.
Segundo a Emater, o órgão não tem condição de custear pesquisas que possam explicar exatamente a causa da diminuição do mel em Vilhena. Para isso, só um estudo de caso poderia apontar o problema e as devidas soluções.