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AGROECOLOGIA: esperança para saúde humana e do solo

por Elilson Pereira e Quennia Mendes

O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxico do mundo, dado estimado pelo volume comercializado no país. Este uso traz consequências negativas para a saúde das pessoas, mas também para o meio ambiente. A agroecologia é vista hoje como o meio mais eficiente de agricultura. As práticas agroecológicas se baseiam em: pequena propriedade, mão de obra familiar, sistemas produtivos complexos e adaptados às condições locais e redes regionais de produção e distribuição de alimentos.

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Em janeiro de 2017, Adriane da Rosa, de 34 anos, decidiu abandonar a agricultura convencional e aderir ao sistema de produção agroecológico. Os problemas causados pelo agrotóxico fizeram a produtora mudar sua visão. “Foi por uma questão de saúde, de consciência ambiental, sabemos do prejuízo que o agrotóxico causa, até o adubo químico é altamente cancerígeno se usado de forma incorreta”, revelou.

Segundo o agrônomo Gustavo Lisboa, aproximadamente 15 produtores estão trabalhando com agroecologia em Vilhena. Os resultados são positivos, mesmo que uma maioria ainda não queira aderir ao modelo. “Os agricultores estão tendo sucesso, claro que de forma trabalhosa, sem falar que a maioria dos agricultores não acredita ser possível produzir sem o uso de agrotóxico. Ao mesmo tempo, muitos nem se quer comem o que plantam porque sabem o quão contaminado está aquele produto”, contou.

Gustavo incentiva os produtores a mudarem para o sistema agrícola ecológico. Foto: Quennia Mendes
Gustavo incentiva os produtores a mudarem para o sistema agrícola ecológico. Foto: Quennia Mendes

Adriane foi uma das que acreditou na produção agroecológica, mesmo com uma transição difícil. Muito do que foi produzido se perdeu e o solo, já fragilizado pela agricultura convencional, demorou a ser fortalecido. Adriane aprendeu sobre os produtos naturais capazes de combater as pragas; hoje, a produção está melhor e maior, mas comercializar o produto ainda é um problema. “Eu fui buscando conhecer pessoas que se preocupavam com a alimentação e comecei a vender para essas pessoas elas recomendavam para outras e aos poucos foi sendo criada uma rede de comercialização, aí o problema inicial de venda foi superado”, disse.

Adriane entrega os produtos na casa dos clientes uma vez por semana. Foto: Elilson Pereira
Adriane entrega os produtos na casa dos clientes uma vez por semana. Foto: Elilson Pereira

Jacyr Rosa e Cívia Martins são consumidores dos alimentos produzidos pela Adriane há 3 anos. “Nós mudamos o estilo de vida a alimentação e com essa mudança veio a preocupação com o tipo de alimento que estávamos colocando dentro do nosso organismo”, explicou Jacyr. Cívia garante que o alimento sem agrotóxico não é mais caro que o convencional e os benefícios são inúmeros. “Os benefícios são visíveis na pele, no funcionamento dos órgãos. Diretamente ligados à nossa saúde, à cura de doenças, à baixa dos índices glicêmicos, sem falar que o alimento sem agrotóxico é mais doce, suave e menos ácido”, argumentou.

Casal estabelece relação de proximidade com os produtores para conhecer mais sobre agroecologia. Vídeo: Elilson Pereira

O sistema agrícola ecológico fornece qualidade de vida para o consumidor e produtor, além de não danificar o solo e não poluir a água. Para o doutor em Gestão Ambiental, Jaime Miranda, todos esses benefícios são possíveis porque a agroecologia vai muito além de produção sem agrotóxico. “A agricultura ecológica é uma série de movimentos, pensamentos e filosofias que vão fazer a busca de uma qualidade de vida para o agricultor, começando pela questão econômica até a questão ética, onde se preza a vida e o meio ambiente. Solo sadio, planta sadia, pessoa sadia”, afirmou.

Produção agroecologia é feita em contato com plantas naturais. Foto: Elilson Pereira
Produção agroecologia é feita em contato com plantas naturais. Foto: Elilson Pereira

Uma das dificuldades da produção agroecológica em Vilhena ainda é a falta de assistência técnica. Segundo o agrônomo Gustavo Lisboa, o ciclo produtivo agroecológico é totalmente diferente da agricultura convencional e muitos profissionais não se preocupam em conhecer sobre esse sistema.

“Vilhena tem dois cursos superiores de Agronomia e, infelizmente, o que eu vejo são os alunos se formando desacreditados da agricultura ecológica. Se a gente pensar que é o alimento que vai nos dar vida que vai deixar a gente saudável e a gente não se preocupa com isso, o que agente está pensando, afinal de contas?”, explicou o agrônomo.

Ricardo sempre produziu alimentos para a família e, em 2016, resolveu comercializar os alimentos. Foto: Elilson Pereira
Ricardo sempre produziu alimentos para a família e, em 2016, resolveu comercializar os alimentos. Foto: Elilson Pereira

É na agroecologia que se estabelece o equilíbrio dos ecossistemas, como no ciclo natural do meio ambiente. Para o produtor Ricardo Lincon, de 65 anos, a agricultura ecológica nunca deveria ter sido substituída pelo agronegócio. “O ser humano não passou a comer depois que inventaram o agrotóxico, ele não vivia da graça de Deus antes. Ele cultivava interagindo com a natureza. Não adianta matar a fome hoje, destruindo o solo de amanhã”, defendeu.

Morcegada

Site jornalístico supervisionado pelo professor e jornalista Allysson Viana Martins, vinculado ao Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

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