Pais e alunos enfrentam dificuldades com aulas em casa
por Andréia João
Com o agravamento da pandemia, as escolas precisaram aderir ao ensino remoto. Professores e alunos tiveram de se adaptar ao novo método de ensino. Os pais foram obrigados a abrir espaço para mais uma tarefa no dia. As crianças do primário são as mais prejudicadas, pois ainda passam pela fase da alfabetização e são totalmente dependentes de um adulto.
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Os pais tiveram que encontrar espaço na agenda lotada do dia para auxiliar os filhos no aprendizado em casa. Elza Paz é avó de Isaque, de 6 anos. A dona de casa ajuda a cuidar do garoto enquanto a mãe trabalha. Como não possui educação formal, Elza tem dificuldades para ensinar o neto. A criança ainda não aprendeu a ler e apresenta problemas na escrita e na separação de sílabas.
A jornalista e professora Arlene Balieiro passa pela mesma situação com o ensino remoto. O filho Emanuel, de 6 anos, tem aulas on-line, e a mãe revela algumas dificuldades. Apesar de lidar com a educação de adultos, ela revela “a falta de preparo para lidar com o público infantil, pois a linguagem é outra”.
Arlene Balieiro aponta dificuldades para o ensino do filho em casa.
Um dos problemas do ensino remoto tem sido conciliar o aprendizado das crianças com o trabalho dos adultos. O neto de Elza tem aula todos os dias no período da manhã. A avó fica à disposição da aprendizagem da criança nesse tempo, que leva cerca de 4 horas para realizar as tarefas. Os professores de Isaque encaminham o material por um grupo no WhatsApp. Segundo a avó, todas as tarefas têm um prazo estipulado para serem entregues.
No caso do filho de Arlene, a criança tem três horas de aula todos os dias por videochamada, de 7h30 às 10h30. A mãe também precisa estar apenas em função do filho nesse período. A jornalista revela que chegou a recusar proposta de emprego por conta da situação.
Elza lida ainda com a má conexão de internet e a falta de uma impressora para ajudar com as tarefas do neto. Segundo a avó, as professoras da criança já enviaram o material no grupo de WhatsApp com a qualidade muito baixa, dificultando o entendimento.

A professora Marilda Bernardes leciona para turmas do segundo ano na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ivete Brustolin, em Vilhena. O que mais a aflige no novo método de ensino é a incerteza da compreensão por parte dos alunos e dos pais. “Sou solicitada pelos pais para fazer a mesma explicação diversas vezes”, afirma.
O conhecimento dos pais ajuda no ensino dos filhos. Segundo Bernardes, os responsáveis pelas crianças da sua turma têm ao menos o ensino fundamental. A educação formal dos adultos facilita a aprendizagem. “A dificuldade é grande e a qualidade do ensino com certeza não é a mesma. O conteúdo exigido pelos professores com esse método é menos complexo e não atinge o grau de aprendizado que deveria atingir”, diz sobre o ensino remoto.