Fim do Corujão da Saúde no Areal centro sobrecarrega UPAs
Encerramento das atividades impacta o acesso noturno à saúde de quase 10 mil pacientes.
Por Mirla Mota, Taiana Mendonça e Ângelo Gabriel

A Unidade de Saúde Osvaldo Piana, situada no bairro Areal, encerrou os atendimentos noturnos do programa Corujão da Saúde no dia 23 de abril. A Unidade realizava atendimentos de baixa complexidade durante a noite, operando das 18h à meia-noite. Com dois médicos de plantão, atendia, em média, 120 pacientes por semana. A população do bairro Areal e adjacências, que conta com 9.716 pacientes cadastrados, agora enfrenta dificuldades para acessar serviços de saúde noturnos.
Até então, lá eram ofertados atendimento de Clínico Geral para sintomas leves, ou seja, aqueles que não apresentam risco imediato à saúde e podem ser tratados em unidades básicas de saúde ou em casa. Os exemplos incluem dores de cabeça leves, resfriados comuns, diarreias sem complicações, dores musculares leves e febre baixa. Também eram oferecidos atendimento à Farmácia e aplicação de medicamentos, mediante apresentação de receita médica.
O fechamento gerou preocupação entre os moradores da região e expõe fragilidades no sistema de saúde local, especialmente em um momento de alta demanda por serviços de saúde.
MP-RO encontra irregularidades em unidades de saúde de Porto Velho
Atualmente, de acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), Porto Velho conta com 39 unidades de saúde básica, sendo 20 urbanas e 19 rurais, com uma cobertura da Atenção Básica de 73%. O sistema e-SUS registra 342.363 pessoas cadastradas.
Maria de Jesus Batista,58, não concorda com o encerramento, agora que as únicas alternativas de atendimento noturno são as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Paciente do areal Maria de Jesus
O médico Gabriel Belarmino comenta que a maioria dos pacientes atendidos era de baixo risco, classificados como ficha verde. No entanto, após dois meses de funcionamento, a unidade suspendeu suas atividades devido a problemas financeiros e à falta de estrutura adequada.
Impacto do Encerramento
As filas nas UPAs têm se tornado um retrato da crise. O tempo de espera varia entre 4 e 6 horas, muito acima do período máximo de 2 horas estabelecido pela Resolução nº 2.079/14 do Ministério da Saúde, que diz que, ao chegar à UPA, o acesso dos pacientes ao Setor de Classificação de Risco deve ser imediato. O tempo de espera para ser classificado deve tender a zero. Já o acesso ao médico varia de acordo com a classificação, não ultrapassando, na categoria de menor urgência, 120 minutos.
Até o fechamento desta matéria, a Secretaria Municipal de Saúde não havia se pronunciado oficialmente sobre a paralisação do serviço na unidade Osvaldo Piana. Diante da superlotação na Policlínica Ana Adelaide, a Prefeitura de Porto Velho alega que implementou diversas estratégias emergenciais, incluindo atendimento noturno nas Unidades Básicas de Saúde, como a Unidade de Saúde Manoel Amorim de Matos, localizada na Rua Angico, 5030 – Bairro Cohab, e na Unidade de Saúde Hamilton Raulino Gondim, situada na Avenida José Amador dos Reis, s/n – Bairro Tancredo Neves. Ambas funcionam de segunda a sexta-feira, das 18h à meia-noite, focadas em casos de baixa urgência.
Além disso, houve reforço de insumos e equipamentos, com entrega de materiais essenciais às UPAs e à Policlínica Ana Adelaide. A ferramenta “UPA em Números” foi criada para disponibilizar dados em tempo real sobre o status dos atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento. Por fim, foi decretada a situação de emergência na saúde, permitindo a execução de um plano de ação estratégico que inclui o abastecimento de farmácias e a reforma de Unidades Básicas de Saúde.
Equipes de Urgência e Emergência
As UPAs contam com equipes compostas por médicos, enfermeiros e outros profissionais. Em 2024, a Prefeitura ampliou o quadro de médicos da rede municipal, passando de 300 para 405 profissionais.