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Maio Amarelo mobiliza Rondônia com mais de 1.020 ações em prol da segurança no trânsito

Durante um mês, as ações de trânsito sinalizam a atenção aos cuidados no trânsito

Por Gabriel Moreira, Gian Souza e Jorge Fernando

Fotografia colorida. Um grupo de pessoas está reunido em um ambiente interno. Todos usam camisetas amarelas e seguram balões amarelos, demonstrando um clima descontraído e de confraternização. Ao fundo, há uma grande janela que deixa entrar luz natural, e à direita uma pessoa está fantasiada como o mascote “a Vidinha”, o que traz um tom lúdico ao encontro. A atmosfera refere-se a uma ação educativa/campanha, voltada para a segurança no trânsito
O Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RO) realizou ações educativas por todo o estado na campanha Maio Amarelo. (Foto: Gian Souza)

Com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito, o movimento internacional Maio Amarelo deu início à campanha de 2025 com o tema “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”. A abertura oficial em Porto Velho ocorreu em 30 de abril, durante o I Fórum Integrado para Gestão de Trânsito, no Teatro Estadual Palácio das Artes. Criado a partir de uma iniciativa da ONU em 2011, o Maio Amarelo se consolidou como um mês de referência mundial para ações de conscientização e educação para um trânsito mais seguro.

Na capital foram realizadas duas ações do ‘Dia do Amar&Laço’, sendo a primeira no dia 5 de maio, segunda-feira, na sede do Detran. Na primeira, os servidores vestiram a cor amarela com a mensagem da campanha e proporcionaram um momento de relaxamento com atividades laborais, coordenadas pela fisioterapeuta Mariana Moura, para promover integração e melhoria do condicionamento físico dos profissionais. A segunda ação aconteceu no Centro Político Administrativo (CPA), com distribuição de folders educativos, orientações aos servidores do local, exposição de banners da história da campanha Maio Amarelo e foto oficial da ação.

A segunda mega ação denominada ‘Dia do Automóvel’ realizada pelo Departamento Estadual de Trânsito de Rondônia foi no sábado, dia 10, no Espaço Alternativo em Porto Velho. A ação teve por objetivo conscientizar a sociedade sobre a importância de reduzir o número de sinistros e mortes no trânsito e incluiu atividades de educação de trânsito com adultos e crianças, feira do automóvel, exposição de carros antigos, aula de zumba e fit dance, recreação para crianças, apresentações culturais, atendimentos de saúde e sorteio de bicicletas. Na ocasião, a Passarela do Espaço Alternativo foi iluminada com a cor amarela, em alusão à campanha.

Quantidade de ações do Maio Amarelo dos Detrans. (Crédito: Detran-RO)

Joe Santos, Coordenador das Ações de Educação no Trânsito, explica que, durante o mês de maio, foram intensificadas as atividades dentro da campanha Maio Amarelo, alcançando a marca de mais de 1.020 ações realizadas em todo o estado. O número expressivo se destaca em comparação a outros estados.

Neste ano, a campanha reforça a importância de adotar uma postura de respeito, empatia e responsabilidade nas vias. Desde 2016, todas as ações passam por um rigoroso processo de avaliação periódica. É realizada uma análise quantitativa, contabilizando e organizando os dados das atividades desenvolvidas, que são encaminhados para órgãos como o Observatório Nacional de Segurança Viária e a Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito). 

Fotografia colorida. Homem pardo sentado em frente a uma mesa de escritório, usando camisa azul com pontilhado branco e calça jeans. Ele gesticula com a mão direita enquanto conversa, olhando para o lado. Sobre a mesa há dois monitores de computador ligados, teclado, mousepad com mouse, frascos pequenos e outros itens de trabalho. O ambiente é bem iluminado.
Joe Santos ressalta a importância de promover a conscientização sobre o papel de cada indivíduo no trânsito.
(Foto: Gabriel Moreira)

“Não é suficiente eu me preocupar somente em fazer a minha parte. Todos no trânsito têm que entender que é um compromisso de cada um e que é um universo muito grande, que deve ser trabalhado. Aí entra o cenário da educação para o trânsito. A educação consegue entrar onde muitas vezes a fiscalização e outros eixos não conseguem. Desde a pré-escola até o público idoso, nós levamos ações educativas, então, a curto prazo, nosso objetivo é sensibilizar essas pessoas diretamente de que elas têm um papel no trânsito”, reforça Santos.

Rondônia convive com altos índices de sinistros

Segundo o Anuário Estatístico de Sinistros de Trânsito de Rondônia, elaborado pelo Detran-RO com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar (PMRO), Polícia Civil (PC-RO), Instituto Médico Legal (IML), DATASUS e DetranNet, o estado ainda enfrenta números preocupantes.

Em 2024, foram registrados 17.320 sinistros de trânsito em Rondônia. As vias com maiores registros foram a BR-364, com 1.633 ocorrências, seguida da BR-319, com 386, e da Avenida Sete de Setembro, com 287 registros.

Desse total, foram contabilizadas cerca de 11 mil vítimas não fatais, além de 450 vítimas fatais e 5.868 acidentes com apenas danos materiais. As motocicletas continuam sendo os veículos mais envolvidos, o que representa 56% dos casos.

Apesar disso, houve uma redução de 8,2% nos sinistros em maio de 2024 (1.451), em relação ao mesmo mês de 2023 (1.535). No entanto, a letalidade dos sinistros subiu, passando de 2,2% em 2023 para 2,7% em 2024, o que representa um aumento de 0,5%.

Raissa Fontes, estudante universitária, relata que já se envolveu em um sinistro de trânsito na capital, o que a causou abalos emocionais. A estudante sofreu um acidente em 2023 na zona sul de Porto Velho. Na ocasião, um motoqueiro avançou a preferencial e bateu no lado direito do carro. Ela estava com mais duas pessoas dentro do carro e ninguém se machucou, mas o motoqueiro ficou caído no chão, o que causou abalos emocionais na condutora.

Mulher de cabelos cacheados e óculos fala com expressividade enquanto é entrevistada em frentea uma parede de tijolos. Ela veste uma blusa sem mangas de cor roxa. A mulher demonstra envolvimento e emoção com a conversa.
Após o acidente, Raissa Fontes ficou quase um ano sem conseguir dirigir, lidando com o medo e os reflexos emocionais do trauma.
Foto: Jorge Fernando

“Depois disso, eu fiquei quase um ano sem dirigir, porque eu tinha muito medo. Toda vez que uma moto se aproximava, mesmo estando do lado do passageiro, eu tinha muito medo, porque achava que a moto iria bater de novo. Quando eu voltei a dirigir, depois de um ano, sempre que eu via uma moto, eu freava o carro bruscamente. O acidente com certeza afetou bastante o meu psicológico”, finaliza Raissa.

Impacto psicológico dos sinistros

A psicóloga Brenda Sabrina de Moraes explica que os sinistros de trânsito podem gerar impactos psicológicos tanto nas vítimas quanto em seus familiares, pois é muito comum que seja desenvolvido transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão, ansiedade, entre outras fobias relacionadas ao trânsito.
O tratamento, segundo a psicóloga, pode envolver diferentes abordagens, como técnicas de reestruturação cognitiva que ajudam a modificar pensamentos negativos, práticas de relaxamento para controlar a ansiedade e a reintegração gradual às atividades sociais, incluindo o enfrentamento do trânsito.

“É um processo gradual. O paciente precisa, aos poucos, reconstruir sua confiança e fortalecer suas defesas emocionais para retomar sua vida”, conclui a psicóloga.

 

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