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“PASSOS DE FÉ”

Por Larysse Rodrigues, Olavo Bilac e Ícaro Cunha
Fotografia colorida. Ângulo alto em contraluz. No centro do primeiro plano, uma mulher com um estandarte de uma santa. Ao lado, coroinhas enfileirados. Céu azul no plano de fundo.
Mulher carrega estandarte de Maria Auxiliadora. Olavo Bilac / Morcegada
Porto Velho celebra com procissão o Dia de Nossa Senhora Auxiliadora, padroeira da cidade

Porto Velho — Arquidiocese de Porto Velho realiza a Procissão de Nossa Senhora Auxiliadora no Centro da Cidade. De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito de Rondônia, no sábado, 24 de maio de 2025, cerca de sete mil fiéis se reúniram para realizar a caminhada ritualística. Além de Porto Velho, a santa ainda é padroeira de Vilhena e Alto Paraíso. A data faz parte do calendário de feriados municipais das três cidades.

Com missas, apresentações culturais e momentos de oração, os fiéis renovam sua fé e gratidão à Virgem Maria. Conhecida por eles como como a ‘Auxiliadora dos cristãos’, a santa intercede por seus devotos nos momentos de dificuldade e perigo.

Fotografia colorida. Em primeiro plano e no centro da imagem, uma estátua de Maria Auxiliadora posicionada em um altar de flores. Homens e mulheres rezam com as mãos levantadas. Alguns de olhos fechados, outros de olhos abertos.
No início da caminhada, fiéis rezam para a santa – Foto: Ícaro Cunha / Morcegada

O percurso realizado pelos fiéis começa em um local de história significativa na cidade: o Instituto Maria Auxiliadora, colégio salesiano vinculado à Arquidiocese da capital rondoniense. A escola é o lugar que abriga a primeira capela de devoção exclusiva de Maria na região. Saindo de lá, os fiéis percorrem quase 2 km enquanto cantam e oram em devoção à imagem de Maria. 

Nem todos os religiosos completam o percurso, como é o caso de Edilaine e Andrew Silva. Mãe e filho, respectivamente 58 e 27 anos, participam anualmente da procissão, mas só entre o perímetro do colégio até a porta de sua casa.

“Rezamos um pai nosso e uma ave Maria, agradecemos e nos recolhemos. Já participamos outras vezes até o final”, conta ela.

A devoção a Nossa Senhora Auxiliadora tem origem no século XIX, quando o Papa Pio VII retornou a Roma após ter sido preso por Napoleão Bonaparte. A libertação do pontífice foi atribuída à intercessão da Virgem Maria, o que levou o Vaticano a instituir o dia 24 de maio como data oficial para a celebração da santa.

Auxiliadora chegou a Porto Velho com os salesianos. Com a criação da prelazia da igreja local, em 1º de maio de 1925, confiada aos missionários salesianos, eles trouxeram a devoção à Maria Auxiliadora do santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, em Turim, na Itália. Aqui, o feriado foi oficializado em 1967.

Em Porto Velho, o culto à Maria ganhou força e se tornou parte essencial da identidade religiosa da capital. “Venho todos os anos desde os 15 anos. Maria já me ajudou muito e à minha família”, confessa Cléia Moreira, 52. Ela participa da procissão para pagar uma promessa feita pela mãe – já falecida.

A data é marcada não apenas pela religiosidade, mas também por um forte sentimento de pertencimento e comunhão. Em muitos lugares ao mesmo tempo, a santa surge com vários nomes e títulos.

“Nossa Senhora Auxiliadora é um desses títulos, mas também tem Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora do Tapete do Cô, Nossa Senhora das Candeias. Ela é conhecida por vários títulos, mas é a única Mãe de Jesus Cristo”, explica o Padre José Wilson, ouvido na Paróquia da Senhora do Rosário antes da procissão.

Nossa Senhora Auxiliadora é vista pelos porto-velhenses como símbolo de esperança e consolo. Cremilda Cunha, 67, é aposentada. Ela já trabalhou como pedagoga em um colégio da rede salesiana de ensino na cidade e declara: “Sou fiel somente de Maria, mas também frequento a igreja e as missas semanalmente. Essa caminhada é uma parte do compromisso com a fé”, confessa Cunha.

Fotografia colorida. Da esquerda para a direita. Três garotos trajando batinas católicas vermelho e branco. Eles carregam um incensário, uma cruz e um cálice dourados. No segundo plano, céu azul com algumas nuvens.
Coroinhas carregam incensário, cruz e cálice – Foto: Olavo Bilac / Morcegada

As homenagens deste ano foram ampliadas, com a participação de jovens, grupos culturais, bandas locais e o tradicional “almoço da padroeira”, realizado nas paróquias como forma de confraternização entre os fiéis. No final da procissão, depois da queima do incenso, da cantoria e da reza, a estátua de Maria chega à Catedral do Sagrado Coração de Jesus.

A caminhada termina com um encontro simbólico. A estátua de Maria encontra o Coração de Jesus. As crianças presentes, em sua maioria alunas do Instituto, comemoram e soltam balões azuis e brancos – as mesmas cores da paleta das vestimentas da santa.

Dezenas de ambulantes se reúnem ao redor da catedral. Alguns assistem à missa junto do público, outros se concentram em vender uma variedade de refeições e refrescos como churros, picolés e cachorro quente. 

Aqueles fiéis que carregam a imagem de Maria durante a procissão sentam perto do palco e aguardam a missa campal. O público geral se divide sentado em cadeiras de plástico, na grama do jardim, ou mesmo em pé – ansiosos por uma chance de tirar uma foto da estátua. 

Silêncio temporário no gramado da Catedral. O padre inicia a missa campal com a estátua da santa no centro do palco. Os fiéis rezam a oração do Pai-nosso e então entoam um “amém”. 

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