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Obesidade infantil atinge 8% das crianças no Brasil

por Daiana Silva

Em 2014, 41 milhões de crianças com menos de 5 anos estavam com sobrepeso ou obesas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, aproximadamente 8% de todas as crianças de 0 a 5 anos eram consideradas obesas em 2013, de acordo com o Sistema de Vigilância alimentar nutricional, do Ministério da Saúde.

Infográfico: Jaqueline Damaceno
Infográfico: Jaqueline Damaceno

A definição de obesidade é multifatorial. Os fatores emocionais, genéticos, ambientais e estilo de vida estão relacionados ao problema. Frequentemente, a obesidade no desenvolvimento da criança é associada com a obesidade dos pais, o peso superior a 3 quilos ao nascer e o desmame precoce.

O controle de peso é importante antes e depois da gravidez para evitar hipertensão gestacional e outros problemas. Esse foi o caso de Laura*. Antes da gestação, ela pesava 90 kg e na gravidez chegou a pesar mais de 115 kg, com 1,60 de altura. Laura precisou de medicamentos para controlar a pressão arterial, que ficou alta durante toda a gestação. A quantidade de remédio que tomou na gravidez afetou o seu leite. A sua filha, Yasmim*, mamou na tia por 30 dias e o desmame precoce foi inevitável.

Yasmim tem 5 anos, com 1,03 cm de altura, pesa mais de 20 kg. Segundo a nutricionista Jaqueline Roque, ela está com sobrepeso e com risco de obesidade. Yasmim não é uma criança com hábitos de brincar. Laura relata que a filha passa a maior parte do tempo no celular ou na televisão.

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O maior desafio de Janaína Soares também é tirar o seu filho Vitor do sedentarismo, já que o menino não tem o hábito de praticar esporte. Ficar no celular é a sua maior diversão. Vitor Gabriel nasceu com quase 4 quilos e com 49 cm. A má alimentação nos primeiros anos de vida o levou à obesidade aos 3 anos.

A falta de exercícios físicos, o excesso do uso de aparelhos eletrônicos e a má alimentação contribuem para o excesso de peso. O sobrepeso na primeira infância até os 6 anos pode desencadear doenças crônicas na fase adulta. A nutricionista enfatiza que a fonte de vitaminas deve ser exclusivamente do leite materno, nos primeiros 6 meses da criança. “O leite evita doenças como diarreia, infecções respiratórias, alergias, desnutrição, doenças digestivas e obesidade”, explicou Roque.

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A atividade física atua na regulação do desenvolvimento da criança, favorecendo um melhor condicionamento físico, motor, social e psicológico. Os exercícios também diminuem os níveis de sedentarismo, durante a adolescência e vida adulta. Segundo o endocrinologista Moysés Junior, a obesidade infantil pode evoluir para a fase adulta. “A probabilidade de que uma criança obesa permaneça obesa na idade adulta varia de 20% a 50% antes da puberdade e 50% a 70% após a puberdade”, relatou.

A memória metabólica condiciona o corpo a permanecer do jeito que está e dificulta a redução de peso em pessoas que tiveram obesidade. “A alimentação adequada é especialmente importante na infância, pois é nessa fase em que estão estabelecidos os hábitos alimentares que serão levados para o decorrer da vida”, disse a nutricionista Jaqueline Roque.

Infográfico: Jaqueline Damaceno
Infográfico: Jaqueline Damaceno

Janaína, mãe do Vitor, procurou ajuda médica para controlar o peso do filho. “Depois que parou de mamar aos 6 meses, acho que pegou o hábito de comer muito, até hoje ele é comilão”, contou. A psicóloga alertou Janaína que a compulsão alimentar estava associada à ansiedade do menino.

Hoje aos 6 anos, Vitor está com 39 quilos e 1,15 cm de altura. Segundo a Jaqueline Roque, o seu peso ideal seria 23 quilos. Na avaliação da especialista, Vitor está em situação de obesidade grave. Embora Janaína tenha controlado ao máximo a sua alimentação, o colesterol do menino continua alto.

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Com colesterol lipoproteína de alta densidade (HDL) muito elevado, Vitor iniciou o tratamento com uma nutricionista e um psicólogo. A preocupação médica é Vitor chegar aos 9 anos e se tornar uma criança diabética e hipertensa. “O tratamento da obesidade, independentemente da idade, deve ser multidisciplinar, envolvendo endocrinologista, nutricionista e psicólogo em casos em que se fizer necessário”, disse o endocrinologista.

Infográfico: Jaqueline Damaceno
Infográfico: Jaqueline Damaceno

* Alguns nomes foram modificados para preservar a identidade das fontes, que preferiram não se identificar.

Morcegada

Site jornalístico supervisionado pelo professor e jornalista Allysson Viana Martins, vinculado ao Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

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