LGBT: vilhenenses relatam problemas causados pelo preconceito
por Jéssica Meireles e Thaís Rivero
A aceitação da própria sexualidade é algo difícil quando ela não se encaixa nos padrões heteronormativos da sociedade, que considera apenas relações heterossexuais como comuns e normais. O principal problema não é a autoaceitação, mas o medo desenvolvido pela rejeição em sociedade e na própria casa. Os estudantes Diego, Leticia, Wesley e William buscaram a cura para aquilo que não é doença, por medo de existir enquanto homossexuais.
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“Quando consegui contar para minha mãe, fui xingada, apanhei e levei a bíblia na cara várias vezes”, esclareceu Leticia.
O estudante Wesley Tavares de, 22 anos, desenvolveu um quadro de depressão quando tinha apenas 16 anos, advindo do preconceito por ser homossexual. O sofrimento aumentou quando percebeu que não conseguia mudar e se adequar aos padrões heteronormativos da sociedade. O estudante tinha medo se assumir e assim ser expulso de casa, pois sabia que a sua família não aceitava sua homossexualidade. “Tentava ser o que minha família queria que eu fosse”, revelou.
O medo da reação da família também foi um aspecto presente na vida da estudante Leticia Cutlac, de 19 anos. Aos 15 anos, desenvolveu a síndrome do pânico por não conseguir contar a verdade para sua mãe, que sempre se mostrou contra o relacionamento entre homossexuais. Quando decidiu contar para ela, a reação foi agressiva e a não aceitação fez com que Cutlac desenvolvesse outra doença, a depressão. Mais de três anos depois da revelação, a mãe de Leticia ainda não aceita a orientação sexual da filha e se culpa pela sua homossexualidade.
“Quando você tira de você o poder que é de si e entrega para o outro, dá legalidade do outro gerir a sua vida e isso tira a sua força, a força vital. E isso gera os transtornos, não só depressão, mas muitos outros”, esclareceu Alcina.
Diego, de 20 anos, sentia-se diferente desde criança, embora só com 15 anos tenha percebido que era homossexual. “Ninguém aceita no início, pois você só pensa o que os outros vão achar de você?”, contou. William Ribeiro, de 21 anos, também conheceu sua sexualidade na fase da puberdade. Foi nesse período que seu desejo por homens começou a aflorar. Ainda criança, tinha sentimentos por seus colegas, mesmo sem saber exatamente o que era. “Quando eu percebi minha orientação sexual, eu fiquei com medo, pois isso seria um problema para minha família e para a sociedade”, revelou.
Por outro lado, Leticia Cutlac, de 19 anos, falava abertamente sobre sua sexualidade desde os 10 anos. Ela ouviu conversas de familiares sobre o assunto e foi pesquisar em dicionários e livros. Leticia lembra que levava broncas por isso. Na adolescência, percebeu que não tinha interesse por meninos e acreditava que isso era normal por causa de sua idade. “Com 14 anos, reparei que era atraída por meninas. Até decidi arrumar um namorado, para provar para mim mesma que o que eu sentia não era certo”, disse.
Ao buscar orientação para entender o que era a homossexualidade, Diego procurou o seu discipulador da igreja, pedindo ajuda para se entender e até mudar sua orientação sexual. “Eu não me aceitava pois queria ser normal”, contou. Ao contrário de Diego, William se aceitou e logo revelou para sua família que era gay. Eles tentaram levá-lo para o psicólogo pensando que era algo mental e que pudesse ser revertido. Para eles, o psicólogo poderia curá-lo. “Minha mãe achava que ser gay era errado, conforme ela ouvia as pessoas dizendo,” contou.
Por medo da reação de sua mãe, Leticia seguiu um caminho diferente, pois ela mesma procurou ajuda com um psicólogo. “Quando consegui contar para minha mãe, fui xingada, apanhei e levei a bíblia na cara várias vezes”, revelou. Apesar das dificuldades sofridas ao longo dos anos, hoje, todos eles se aceitam. Porém, ainda lutam contra o preconceito dos familiares e da sociedade.
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