Desperdício de alimento: conscientização e planejamento evitam descarte

por José Teixeira e Petter Vargas

Colocar comida em excesso no prato e jogá-la no lixo, descartar cascas de frutas e legumes, fontes ricas em fibras, ou armazenar de forma errada os ingredientes. Essas são algumas ações que contribuem para que cerca de um terço dos alimentos produzidos no planeta sejam desperdiçados todos os anos, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

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Cerca de 52 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Eles permanecem sem acesso regular a alimentos de qualidade e em quantidades insuficientes. No país, são descartadas 15 milhões de toneladas por ano, o que alimentaria toda a população brasileira por 47 dias, conforme estimativa do Instituto Akatu (http://www.akatu.org.br/).

A professora Ivanilda Pinheiro, de 39 anos, conta que compra frutas, legumes e poucas folhas de hortaliças uma vez por semana na feira ou no mercado. Segundo Ivanilda, quando os alimentos estragam, ela os separa em uma lixeira reservada para lixo orgânico. Depois, entrega-se a uma colega, que recolhe o material e o leva para fazer adubo em sua chácara.

Os alimentos mais desperdiçados são as verduras, mesmo adotando uma série de cuidados, como limpeza, refrigeração e embalagem. Os que menos estragam na casa da professora são as frutas, pois são usadas para fazer suco ou algum tipo de sobremesa.

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O gerente do Supermercado Super Mais, Dioflith Rodrigues, explica que cada fruta tem sua época, por isso, algumas se deterioram muito facilmente devido ao clima da região. Os alimentos estragados no supermercado são levados para a chácara da empresa e são postos em caixotes para serem usados como adubos.

“O desperdiço infelizmente é uma realidade. Se houvesse mais cuidado com os alimentos desde quando saem do campo, com transporte e manuseio, certamente a resistência deles seria outra. Por isso, ter pessoas conscientes nesse processo ajudaria a diminuir significativamente o desperdício de alimentos no país”, acrescentou Rodrigues.

Para a nutricionista Djeniffer Santini, o desperdiço de alimentos nas residências acontece por excesso na compra ou falta de atenção. Ela explica que é preciso fazer uma lista semanal antes de ir ao mercado, fazer um cálculo, por exemplo, de quantas frutas a pessoa precisa comprar para passar a semana. A facilidade no acesso à informação facilita o reaproveitamento dos alimentos. “Todas as pessoas podem recorrer a pesquisas. Usar talos em omeletes e sopas é uma ótima opção, assim como utilizar as cascas de frutas para sucos e chás”, reforçou.

CONSCIENTIZAR É PRECISO

De acordo com o Banco de Alimentos do Brasil, reduzir a quantidade de alimentos que vai para o lixo diariamente pode não parecer uma tarefa fácil, ainda mais em um país tão grande como o Brasil. Ainda assim, se houver uma conscientização coletiva e cada um fizer a sua parte no dia a dia, os impactos sociais, econômicos e ambientais serão positivos.

Os cinco passos para evitar o desperdício de alimentos:

Comprar bem: fazer uma lista para ir ao supermercado; tomar cuidado com promoções e vendas em atacado para não adquirir itens em excesso; preferir alimentos da época.

Conservar bem: guardar os alimentos em locais limpos e em temperaturas adequadas; armazenar as sobras na geladeira ou no freezer; etiquetar os recipientes para saber a validade.

Higienizar bem: lavar em água corrente frutas, verduras e legumes; higienizar em solução de hipoclorito de sódio por 15 minutos para eliminar microrganismos.

Preparar bem: não jogar fora as partes não convencionais, mas utilizá-las em outras receitas; preparar apenas a quantidade necessária, sem exageros; fazer uma média da quantidade de porções por pessoa.

Compostagem: depositar os insumos em uma composteira e transformá-los em adubo orgânico; a técnica diminui o lixo e incentiva o consumo de alimentos orgânicos, menos nocivos à saúde.