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Violência contra a mulher aumenta em Rondônia durante pandemia

Por Vitória Fernandes, Andressa Nascimento e Marcélia Manamar | Orientação: Thales Pimenta

Mais de 2,3 mil ocorrências de violência doméstica foram registradas no segundo trimestre de 2021 em Rondônia, segundo os dados do Sistema de Informação da Polícia Civil (SISPOL). Trazidas a público inicialmente pela CBN Amazônia, as informações apuradas também apontam que o número de casos totaliza 11.995 ocorrências, nos últimos cinco anos.

Uma em cada quatro mulheres no Brasil foi vítima de violência doméstica nos últimos 12 meses, de acordo com o Instituto Datafolha em pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Divulgada em julho de 2021, a pesquisa sinaliza que, em um universo de 17 milhões de mulheres, 48,8% das violências sofridas ocorreram em domicílio, sendo 25,4% praticadas por companheiros, 18,1% por ex-companheiros, 11,2% por pais e mães, 6,1% por irmãos e 4,4% por padrastos e madrastas.

Betânia de Assis, que atua como psicóloga na Prefeitura de Porto Velho, explica que, historicamente, as famílias e os casais nunca haviam passado tanto tempo juntos como agora. “Ou tiveram que se adaptar ou tiveram que buscar oportunidades de lidar melhor com essa pandemia, pois, com o maior tempo de convivência, para muitos que não estão acostumados, surgem os conflitos de uma rotina em família. Ou a família se une mais e lida com essa rotina ou se maximizam os conflitos familiares como um todo. E a violência doméstica acontece com todos os membros da família que convivem no mesmo ambiente”, afirma.

Em entrevista cedida por U. C., fonte anônima que prefere não se identificar, o contexto de isolamento da pandemia é mencionado como um dos fatores que levaram às agressões em sua casa. A vítima relata que as pessoas do lugar onde mora começaram a consumir mais bebidas alcoólicas durante o período e se tornaram agressivas.

Embora tenha registrado uma denúncia e procurado apoio, a fonte conta que deixou de levar o caso adiante por medo de represálias. O que mais deseja é sair da situação, mas lamenta que sua tomada de decisão só tenha ocorrido quando veio a ser agredida fisicamente. Nesse sentido, deixa um conselho para outras mulheres. “Se apoie em algo que te faz bem. Eu me apoiei em minha mãe, vou ser forte e já estou saindo dessa”, orienta a entrevistada.

Betânia de Assis já foi diretora do Centro de Referência Especializado da Assistência Social no Atendimento à Mulher Vítima de Violência Doméstica (CREAS) e funcionária da Secretaria Nacional de Políticas Para as Mulheres (SNPM). Nas duas funções, lidou com muitos casos de violência doméstica contra mulheres, identificando o medo de represálias como o principal impeditivo para as denúncias.

Hoje em dia não há riscos. Há um disque denúncia nacional, o 180, e um local, o 08006471311 ou o (69) 3901-3228, que funcionam 24h e guardam sigilo sobre quem denuncia. Mas para se ter êxito são necessários dados precisos da vítima”, finaliza.

Morcegada

Site jornalístico supervisionado pelo professor e jornalista Allysson Viana Martins, vinculado ao Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

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