FUTEBOL AMERICANO EM PORTO VELHO: time enfrenta desafios na liga nacional

Brasil não é mais o país do futebol só com a bola redonda nos pés

por Izabela Muniz e Fabiany Araújo

Um crescente consumo de esportes não convencionais no Brasil vem aumentando, e o futebol americano tem ocupado cada vez mais espaço. 15,2 milhões de pessoas se declararam fãs desta modalidade, o que representa 20% da população de internautas brasileiros, segundo a pesquisa do IBOPE Repucom. Em 2023, Porto Velho teve seu primeiro time masculino competindo na Liga Brasileira de Futebol Americano (LBFA).

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Apesar do time começar a competir no campeonato nacional da modalidade, a cidade de Porto Velho carece de instalações de treinamento de qualidade e estádios adequados para o futebol americano. Isso torna difícil para as equipes treinarem e jogarem em condições ideais. A falta de patrocínios e os investimentos insuficientes limitam ainda mais o crescimento das equipes.

Os altos preços dos equipamentos também dificultam a prática do esporte, diz o jogador do Porto Velho Miners, Pedro Leal. Como o futebol americano não é tão popular quanto o futebol tradicional no Brasil, ele tem menor visibilidade e, portanto, apoio.

Tem que reconhecer que a prática do esporte aqui no brasil, no momento, é elitista”, completa Pedro Leal.

“O estado não tem ligação alguma com a equipe do Miners. A única ajuda ofertada foi o ônibus para os jogadores se deslocarem ao estado do Mato Grosso para representar Rondônia, no primeiro jogo na Liga BFA e o local de treino no Deroche Pequeno Franco [complexo esportivo]”, relata o Coordenador de Esportes de Rondônia, Edvaldo Araújo.

RENDIMENTO NA LBFA

O Porto Velho Miners possui um rendimento muito inferior aos seus adversários na Liga BFA 2023. Um exemplo foi a derrota de 86 a zero contra a equipe de Sorriso Hornets da cidade de Sorriso, em Mato Grosso. Esta é a 2ª maior vitória de toda Liga, acontecida em 19 de agosto de 2023.

A disparidade no rendimento da equipe de Porto Velho levanta questões sobre as estratégias de treinamento e o desenvolvimento de jogadores . O presidente do Porto Velho Miners, Fernando Rodrigues, considera que a falta de vitórias em campo para sua equipe pode ser atribuída, em parte, à inexperiência dos jogadores que competem contra equipes mais renomadas, bem como à falta de consciência da equipe em participar dos treinos com mais frequência.

Em entrevistas ao MORCEGADA, os jogadores do Porto Velho Miners também compartilharam suas frustrações com o resultado da partida e reconheceram a necessidade de um esforço coletivo para superar os desafios. Eles afirmaram que não estavam comprometidos com os treinos e prometeram aprimorar suas habilidades individuais para contribuir de maneira mais eficaz para o sucesso da equipe.

HISTÓRIA DOS MINERS

O Porto Velho Miners, nasceu em 16 de setembro de 2017, através de divulgações nas redes sociais. Em 2023 a equipe conta com 60 jogadores para competir na Liga Brasileira de Futebol Americano (LBFA), de acordo com o presidente Fernando Rodrigues.

O ingresso de jogadores na equipe é realizado por meio de um evento que acontece desde 2019 de forma anual chamado de tryout, seletivas com integração de veteranos e novatos. A passagem por esse evento é um pré-requisito para todos os jogadores e as divulgações são feitas através das redes sociais dos jogadores veteranos. Já para se manter, nos meses de dezembro e janeiro, o Miners faz um planejamento anual para determinar os gastos ao longo do ano seguinte. Em fevereiro, são abertas as cotas de patrocínio, oferecidas a possíveis anunciantes.

A equipe do Miners estabeleceu ainda parcerias com políticos, que auxiliam com a cedência de quadras para os treinos e locomoção para as competições. Os recursos diretos oriundos dos patrocínios são utilizados para custear hospedagem e alimentação dos atletas. Ademais, emendas parlamentares estão previstas para o ano 2024, com a finalidade da aquisição de materiais esportivos, como bolas e equipamentos.

JOGO NO CAMPO

O futebol americano é um esporte de conquista de área, o que significa basicamente adentrar no campo do time adversário. Em função disso, a estratégia é fundamental. O objetivo primordial do futebol americano é alcançar a endzone, que é uma área situada a 10 jardas na extremidade de cada lado do campo. À medida que a equipe consegue realizar esse feito com frequência, acumulará mais pontos.

O jogo é dividido em quatro tempos (quartos) de 15 minutos. Dois times com 11 jogadores cada um disputam a partida, de modo que apenas um jogador tem a função do ataque e todos os outros jogam defendendo. A partida começa com um chute inicial. O time que não ganhar a posse da bola no sorteio inicial será incumbido de dar o pontapé no jogo, enquanto o adversário se prepara para receber o kickoff.

O jogador de retorno, pertencente à equipe que recebe a bola após o chute inicial do adversário, deve fazer uma escolha crucial quando recebe a bola no kickoff. Nesse momento, os outros jogadores da equipe estão realizando bloqueios para permitir que o jogador avance o máximo de jardas possível, ao passo que os adversários estão tentando derrubá-lo para impedir seu avanço.

O ponto em que o jogador é derrubado marca o local de início da campanha ofensiva de sua equipe, geralmente na primeira descida. Se ele conseguir atravessar todo o campo e entrar na endzone adversária, isso resulta em um touchdown, valendo 6 pontos. Em seguida, é a vez de sua equipe executar o kickoff para permitir que o time adversário inicie seu ataque. Duas jogadas são básicas: o passe com mão, normalmente realizado pelo quarterback para um de seus recebedores, e as corridas, geralmente conduzidas pelo running back. Todas as jogadas são planejadas antes de cada tentativa.