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COMIDA NO LIXO: desperdício de alimento aumenta a fome e os prejuízos ambientais

por José Teixeira e Petter Vargas

O Brasil está entre os 10 países que mais desperdiçam comida no mundo. 41 mil toneladas de alimentos vão para o lixo por ano. Entre os produtos, frutas, legumes, hortaliças, raízes e tubérculos são os mais descartados, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO).

+ Desperdício de alimentos: conscientização e planejamento evitam descartes 

Infográfico: Jaqueline Damaceno
Infográfico: Jaqueline Damaceno

O desperdício de alimentos é diferente da perda, segundo a FAO. O desperdício acontece no final da cadeia alimentar, nas vendas em varejo e no consumo. Nas fases de produção, pós-colheita e no processamento, ocorre a perda. Os prejuízos econômicos e ao meio ambiente estão entre as consequências desse mau funcionamento do ciclo alimentar.

A fome é a maior consequência. Ela ocorre porque, ao desperdiçar alimento, há um aumento no valor dos produtos e muitas famílias não conseguem pagar por eles. O crescimento do lixo e dos problemas ambientais também são apontados pelos especialistas como consequências dessas perdas.

“Para produzir, gasta-se energia e combustível, que são utilizados em máquinas e transportes, além do gasto com insumos. Se o produtor perde parte dessa produção, ele vai ter que recuperar o prejuízo na próxima colheita e a partir daí acontece um aumento que passa por toda a cadeia produtiva até chegar ao consumidor”, explicou o engenheiro agrônomo, Vicente Godinho.

O desperdiço de alimentos é realizado muitas vezes inconscientemente, segundo Ladyslene de Paula, professora de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). “O brasileiro acha que nunca vai faltar comida. Acabamos comprando mais itens que o necessário, outras vezes, compramos para aproveitar a oferta do dia. Ou compramos para experimentar e acaba indo para o lixo porque não gostamos”, explicou.

A perda de alimento nas fases iniciais da cadeia alimentar está relacionada a fatores como o clima e a forma de processamento, de acordo com Godinho. “Geralmente acontece por causas naturais, devido à colheita antecipada ou porque passou da hora colher, isso ocorre quando o clima muda de forma repentina. Porém, o mais comum é quando esses produtos passam por máquinas que estão irregulares ou talvez devido às condições que é feita a colheita”, afirmou o engenheiro agrônomo.

Esse desperdício e essa perda de alimentos acontecem enquanto 5,2 milhões de pessoas passam fome no Brasil, de acordo com a Organizações das Nações Unidas (ONU). Para evitar o desperdício de alimentos no país, a Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), órgão do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS),  criou a Estratégia Intersetorial para a Redução de Perdas e Desperdício de Alimentos no Brasil.

O projeto tem ações de apoio e promoção de campanhas educativas e de conscientização sobre como combater o desperdício de alimentos. A intenção é fortalecer o sistema de compras públicas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Para Godinho, é preciso pensar em soluções que ajudem o produtor a evitar as perdas de produtos em decorrência da logística de armazém, transporte e condições climáticas. Paula garante que a elaboração de politicas públicas voltadas para o setor produtivo pode contribuir com essa redução.

“É preciso pensar em melhorias nos meios de transporte, melhoria das estradas, melhor integração entre varejistas, atacadistas e produtores; treinamento de todos os colaboradores envolvidos na cadeia produtiva”, destacou a professora.

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Morcegada

Site jornalístico supervisionado pelo professor e jornalista Allysson Viana Martins, vinculado ao Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

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